Stablecoins são criptomoedas indexadas a outra moeda ou classe de ativos. Normalmente, essa indexação é uma moeda fiduciária, como o dólar americano ou o euro, mas também pode ser uma commodity, como o ouro. Estar indexado um ativo significa que o valor da stablecoin deve acompanhar o valor desse ativo. Isso, em teoria, torna as stablecoins uma forma menos volátil de criptomoeda. No entanto, já ocorreram casos em que as stablecoins perderam sua indexação, de modo que a estabilidade de seu preço não é garantida.
As stablecoins fornecem uma ponte entre as moedas fiduciárias tradicionais e as criptomoedas. Eles servem a uma variedade crescente de propósitos, são uma parte fundamental do comércio moderno de cripto e vêm em muitas formas. Portanto, é aconselhável entender essa forma de cripto, independentemente de seu interesse no espaço.
Neste artigo, apresentaremos o que são stablecoins, exploraremos as principais stablecoins atuais e sugeriremos por que a popularidade das stablecoins está crescendo.
O que são stablecoins lastreadas em moedas fiduciárias?
Simplificando, as stablecoins apoiadas em moedas fiduciárias são uma representação virtual de moedas fiduciárias (do mundo real) que são cunhadas em uma blockchain. Para criar stablecoins apoiadas em moedas fiduciárias, as moedas fiduciárias são bloqueadas e um equivalente é cunhado por meio de contratos inteligentes. A moeda fiduciária bloqueada serve como moeda de lastro à stablecoin, e determina o valor da stablecoin. Isso é conhecido como indexação (peg). Para stablecoins lastreadas em dólar, como a USDC e a USDT, essa indexação é de 1:1 com o dólar americano, ou seja, para cada stablecoin cunhada, US$ 1 em dólares americanos é mantido em reserva na forma de dólares americanos ou outros ativos equivalentes.
Diferentemente das moedas do mundo real que as lastreiam, as stablecoins oferecem uma alternativa prática para a transferência de dinheiro sem fronteiras e sem necessidade de permissão em todo o mundo. Entre outros fatores, isso levou a um aumento acentuado na popularidade e no uso de stablecoins.
Quais stablecoins estão na liderança hoje?
Liderando o aumento das stablecoins estão a USD Coin (USDC) e a Tether (USDT), que apresentam uma capitalização de mercado superior à das moedas fiduciárias concorrentes. Entretanto, como em grande parte das criptomoedas, as coisas mudam rapidamente. Em novembro de 2023, a Binance anunciou que estava encerrando o suporte à stablecoin nativa da bolsa, a Binance USD (BUSD). Na época do anúncio, a BUSD era a quinta maior stablecoin por valor de mercado.
Enquanto isso, outras stablecoins estão conquistando participação no mercado à medida que o espaço evolui. Se estiver pensando em qual stablecoin é melhor para suas necessidades, é importante entender o que são essas moedas e como elas funcionam.
Continue lendo para ter uma visão geral das sete principais stablecoins em 2024.
1. USDT
O USDT é uma stablecoin lastreada em dólar. Ele surgiu quando foi emitido pela primeira vez pela Tether Limited, em 2014, "para preencher a lacuna entre as criptomoedas e a moeda fiduciária". A Tether foi o primeiro ativo digital a dar aos usuários acesso a um dólar americano baseado em blockchain e independente de plataforma, com as vantagens técnicas das moedas fiduciárias e das criptomoedas de alta liquidez, sem a volatilidade.
O USDT também é uma stablecoin indexada ao dólar americano na proporção de 1:1. Para manter essa paridade, a Tether detém ativos no valor de mais de US$ 86,3 bilhões contra passivos de US$ 83,2 bilhões, de acordo com um relatório de reservas consolidadas de setembro de 2023.
Ao aproveitar o melhor da moeda fiduciária e das criptomoedas, a Tether Limited criou uma forma sem necessidade de permissão de fazer transações usando criptomoedas com qualquer pessoa em todo o mundo. Além disso, a velocidade, a transparência e o baixo custo das transações de stablecoin abriram os casos de uso do ecossistema de cripto para pagamentos, remessas e muito mais.
2. USDC
O USDC é uma stablecoin lastreada em dólar criada pela empresa Circle de tecnologia de pagamentos ponto a ponto em 2018. Como qualquer outra stablecoin lastreada em dólar, seu preço permanece fixo em US$ 1. Ele é gerenciado por um consórcio chamado Centre, que foi fundado pela Circle e inclui a empresa de mineração de Bitcoin Bitmain e a bolsa de cripto Coinbase. O Centre é responsável por supervisionar os padrões financeiros e técnicos do USDC e manter a indexação de 1:1 com o dólar.
O USDC é uma stablecoin de alta liquidez que está disponível na maioria das exchanges centralizadas e descentralizadas (DEX). Ele pode ser trocado por meio de carteiras compatíveis com ERC-20.
3. TUSD
O True USD (USDC) é relativamente novo no espaço das stablecoins, tendo sido lançado em 2018 por seus emissores TrustToken e PrimeTrust. O TUSD foi criado para abordar alguns dos desafios urgentes relacionados às stablecoins, ou seja, confiança e transparência. Para isso, todos os fundos de usuários em dólares são administrados por contas de custódia de terceiros, às quais as entidades emissoras não têm acesso direto. Isso ajuda a evitar o uso indevido de fundos, reduzindo o risco para os detentores da TUSD.
Como outras stablecoins, o TUSD visa manter uma paridade de 1:1 com o dólar americano. O TUSD se diferenciou de outras stablecoins como a primeira stablecoin indexada ao USD a aplicar atestados em tempo real para suas reservas subjacentes de instituições terceirizadas independentes.
4. BUSD
BUSD é a stablecoin nativa emitida pela Binance e pela empresa de blockchain Paxos Trust. Assim como seus concorrentes, o BUSD pretende permanecer lastreado em 1:1 em relação ao dólar americano. Não há limite para a oferta de BUSD, pois a oferta é determinada pela quantidade de dólares com os quais as pessoas desejam comprar BUSD. A Paxos Trust é responsável pela emissão do token. Isso inclui a queima de BUSD quando os usuários optam por resgatar seus tokens por USD e a cunhagem de USD quando os usuários desejam criar BUSD usando a moeda fiduciária.
O BUSD foi criado com base na blockchain Ethereum e também é compatível com o padrão BEP-2 da Binance Chain.
5. DAI
O DAI se destaca entre as outras principais stablecoins por ser a única iteração descentralizada. Enquanto outras moedas como o USDT e o FDUSD são controlados por um intermediário, o DAI é emitido por meio de um aplicativo descentralizado (DApp) baseado em Ethereum, denominado Maker Protocol.
Lançado em 2019 pela Organização Autônoma Descentralizada (DAO) chamada MakerDAO, o DAI afirma ser totalmente descentralizado e lastreado apenas por garantias cripto. O token deve ter lastro flexível em relação ao dólar americano em uma proporção de 1:1.
Como o DAI funciona? Novos tokens são criados pelo Maker Protocol DApp, que exige que os usuários bloqueiem ativos baseados em Bitcoin ou Ethereum como segurança. Esses ativos são mantidos em contratos inteligentes na rede Ethereum, chamados de Maker Vaults, que são operados sob a governança do Maker Protocol.
6. eUSD e peUSD da Lybra
A Lybra Finance é uma plataforma descentralizada que fornece aos usuários acesso a Tokens de Staking Líquido (em inglês Liquid Staking Tokens ou LST). Resumindo, os LSTs são tokens emitidos após a prova de stake, quando os usuários depositam criptomoeda nativa em um protocolo.
eUSD e peUSD são stablecoins que rendem juros, criadas pela Lybra Finance, que usam LSTs como garantia. Os detentores de cada stablecoin podem obter um rendimento atraente, um recurso exclusivo entre as stablecoins. Dessa forma, o eUSD e o peUSD (este último é uma versão utilitária DeFi do eUSD) têm como objetivo fornecer uma reserva estável de valor e uma nova rota para obter rendimento.
7. Synthetic USD
O Synthetic USD chegou para atender a demanda daqueles que querem exposição à estabilidade do dólar americano, mas sem exigir uma relação bancária tradicional. A premissa básica por trás do Synthetic USD é que um preço estável em USD pode ser obtido mantendo dois ativos inversamente relacionados. Por exemplo, um usuário abre um hedge de 100 USD em Bitcoin por meio de uma corretora de derivados. Se o preço do Bitcoin subisse, o valor do hedge cairia na mesma proporção, e vice-versa. Como resultado, a posição líquida deve permanecer a mesma.
A Galoy, uma empresa que desenvolve infraestrutura bancária nativa de Bitcoin, conta com o Stablesats como um recurso em sua plataforma. O recurso permite que os usuários acessem a exposição estável do preço do dólar por meio do Bitcoin.
Por que a popularidade das stablecoins está crescendo
À medida que as criptomoedas em geral se aproximam da adoção convencional, as stablecoins provavelmente continuarão a desempenhar um papel fundamental. Há vários motivos pelos quais a classe de moedas está crescendo em popularidade.
Stablecoins e finanças descentralizadas (DeFi)
As finanças descentralizadas (DeFi) são uma área na qual as stablecoins estão crescendo em importância.
DeFi é um sistema emergente de serviços financeiros baseado na tecnologia blockchain. Ele permite que os usuários acessem uma variedade de produtos e serviços sem a necessidade de um terceiro confiável. Esse modelo oferece maior transparência e acesso do que os sistemas bancários tradicionais, além de possíveis economias de custo devido à redução das taxas.
As stablecoins são um componente fundamental nesse sistema, especialmente quando se trata de liquidar transações sem a necessidade de intermediários. Diferentemente das criptomoedas voláteis, como Bitcoin ou Ethereum, o valor das stablecoins deve permanecer relativamente constante. É por isso que as stablecoins são frequentemente usadas como garantia em muitas plataformas descentralizadas de empréstimos e financiamentos, por exemplo. Já aconteceu no passado que as stablecoins perdem a indexação, no entanto, às vezes sem recuperação.
O apelo da dolarização
Graças ao seu lastro - que geralmente é o dólar americano - as stablecoins oferecem uma oportunidade única de obter exposição ao dólar americano, especialmente para pessoas em mercados emergentes. A posse de stablecoins indexadas ao dólar americano é praticamente equivalente à posse de dólares. Isso pode ser particularmente benéfico em países onde as moedas locais são voláteis ou estão se desvalorizando.
Por exemplo, se a moeda de um país estiver sujeita a uma inflação rápida, a posse de stablecoins pode proporcionar um refúgio de estabilidade. As moedas permitem que os indivíduos mantenham o valor de seus ativos e até mesmo obtenham ganhos quando a moeda local se desvaloriza.
Enquanto isso, as stablecoins podem permitir que as pessoas dos mercados emergentes participem da economia global com mais facilidade. Os sistemas bancários tradicionais podem representar barreiras para as pessoas nessas regiões devido às altas taxas de transação ou à falta de acessibilidade. Com as stablecoins e a tecnologia blockchain que as sustenta, as pessoas podem fazer transações globais com taxas mínimas, expandindo suas oportunidades econômicas.
Em última análise, as stablecoins podem ser uma ferramenta prática para dolarizar um portfólio, o que alguns traders veem como uma forma de fornecer uma medida de estabilidade financeira em condições econômicas incertas.
Para mais informações sobre stablecoins e sua direção futura, confira esta informação da OKX Ventures.
Os riscos envolvidos nas stablecoins
Embora as stablecoins ofereçam muitos benefícios, é importante reconhecer os possíveis riscos associados a elas.
Primeiro, a estabilidade das stablecoins depende da confiabilidade do ativo usado como lastro e da robustez da organização emissora. Se o ativo que lastreia a moeda sofrer uma queda drástica de valor ou se a organização emissora tiver dificuldades financeiras ou legais, o valor da stablecoin poderá despencar e sofrer uma desindexação (depeg).
Em segundo lugar, a incerteza regulatória representa um risco. Como o mercado de cripto é relativamente novo e está evoluindo rapidamente, os órgãos reguladores de todo o mundo ainda estão formulando suas posições e políticas, o que pode afetar a estabilidade e a utilidade das stablecoins.
Por fim, embora os tempos de transação sejam geralmente rápidos, o possível congestionamento da rede pode atrasar as transações, o que pode ser problemático para os usuários que precisam de acesso imediato aos fundos.
Mitigar o risco é uma necessidade. Para ajudar, a Bluechip é uma agência de classificação de stablecoins que fornece classificações de segurança econômica para stablecoins no mercado atual. A ferramenta classifica cada stablecoin como uma medida de sua robustez. Você também pode consultar a indexação, o tipo de lastro, o valor de mercado e o preço de cada moeda.
Como ter acesso a stablecoins
A maneira mais rápida e simples de acessar stablecoins é comprá-las por meio de uma corretora centralizada. Aqui, normalmente, você pode usar moeda fiduciária para comprar o token de sua preferência. Como alternativa, você pode trocar outras formas de cripto, como Bitcoin ou Ethereum, por uma stablecoin.
Devido à sua popularidade, as stablecoins também podem ser compradas por meio de uma exchange descentralizada (DEX) por meio de um mercado ponto a ponto. Muitos consideram que as DEXs são uma forma mais segura de negociar, pois não têm custódia, o que significa que os usuários permanecem no controle de suas chaves privadas ao fazer transações.
Conclusão
Muitos concordam que as stablecoins são uma parte crucial do passado e do futuro das criptomoedas e de sua evolução. Elas fornecem um vínculo entre a moeda fiduciária e as criptomoedas por meio de uma indexação a ativos estabelecidos. Para muitos, essa construção alivia parte do risco associado às criptomoedas convencionais, pois, em teoria, as grandes oscilações de volatilidade observadas entre BTC, ETH e similares são reduzidas.
As stablecoins estão crescendo em popularidade e encontrando novos casos de uso, como mostra o surgimento de tokens descentralizados, como o DAI. É possível uma evolução maior e, à medida que as criptomoedas se aproximam do mainstream, a influência das stablecoins pode aumentar. É relativamente simples comprar e manter stablecoins hoje e, como em qualquer forma de criptomoeda, é essencial fazer sua própria pesquisa antes de comprometer fundos e fazer uma negociação.
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